terça-feira, novembro 23, 2010

Após a subida ao girabola crise bate a porta do 1º Maio

Após a subida ao girabola crise bate a porta do 1º Maio

Júlio Gaiano| em Benguela - Hoje 
Equipa volta ao convívio dos grandes em 2011
Fotografia: AFP
Consumado o regresso da equipa principal do Estrela Clube 1º de Maio de Benguela ao Girabola, uma temporada depois de disputar o acesso no torneio de apuramento, ao que tudo indica o espectro da crise continuará a fazer morada naquela agremiação, fundada a primeiro de Abril de 1980. Apuramos de fontes próximas do clube que reina uma onda de descontentamento entre membros da equipa técnica e alguns dirigentes do clube, estes acusados de interferência grosseira nos trabalhos técnicos.

A situação começou a ganhar contornos perigosos, logo nas derradeiras jornadas do torneio de apuramento, porquanto os atletas, apercebendo-se da ocorrência, passaram ao “contra-ataque”, exigindo da direcção resolução dos seus problemas ligados a atraso de salários e prémios de jogos, resguardando o assunto para o consumo interno do clube. Na verdade, está-se a viver uma confusão autêntica no 1º de Maio de Benguela. 

E para complicar ainda mais a situação, está proibido qualquer pronunciamento à imprensa por qualquer membro da colectividade, uma medida adoptada para se evitarem fugas de informação que possam afectar negativamente o ambiente no clube. Apenas o presidente de direcção, Manuel Monteiro (Nelito), e o vice-presidente para o futebol da alta competição, Rui Araújo, são vozes autorizadas a se fazerem ouvir (e ler) aos órgãos da comunicação social até o debelar dos problemas que, infelizmente, continuam a “habitar” no grémio.

Derrota no adeus à Segundona 
O 1º de Maio de Benguela competiu no Zonal de Apuramento à Primeira Divisão Nacional (Série B), ao lado da Académica do Lobito, Recreativo do Seles, Mambrôa do Huambo, Nacional de Benguela, Atlético do Namibe e 17 de Maio de Benguela, em que os representantes de Malange e do Cunene, por dificuldades financeiras, abandonaram o certame. Depois de um percurso triunfante, alternando vitórias e empates, quando tudo apontava que a campanha terminaria em beleza.

Ou seja, encerrar o certame com um resultado satisfatório, os proletários acabaram derrotados (0-1) em sua própria casa, ante a decepção dos adeptos, sócios e público apoiante do futebol local acorreu o estádio para participar da “despedida”. O protagonista da “desfeita” foi a Académica do Lobito que, apesar de não consentir derrota no certame, terminou na segunda posição com 29 pontos, menos um do líder 1º de Maio de Benguela (30 pontos). 

Uma diferença que está a ser motivadora de cogitações díspares entre os aficionados da bola, que passaram a questionar se valeu a pena terem desistido os representantes de Malange e do Cunene, fundamentalmente o último, pois ao retirar-se da prova chocou com a verdade desportiva. 

Técnico coloca 
lugar à disposição 

Por mais que se procure ignorar os acontecimentos que rolam no “grémio proletário”, os factos continuam evidentes, sendo este o momento exacto para se debelar o problema. Escamoteá-lo significaria prolongar a crise que promete durar, a menos que haja coragem e se reconheça que se falhou nalguns aspectos de trabalho. Há quem ainda defenda que a direcção do 1º de Maio de Benguela seja um pouco mais ousada e venha a terreiro para aclarar ao público, o que na realidade está a ocorrer no seio do clube. 

Já que o problema daquele clube, por mais ínfimo que seja, a muitos inquieta. E muito mais quando se trata de rupturas na equipa técnica. Informações que acabaram de nos chegar, dão conta de uma possível saída do professor Francisco Júnior Paulino da coordenação técnica. Pode ser um facto consumado, dadas as incompreensões que denota com um dos dirigentes.

De acordo com a fonte nossa, o técnico Júnior Paulino já colocou o seu lugar à disposição da direcção do clube e tudo indica que a posição tomada é irreversível. É que Paulino se sente aborrecido com a atitude de Octávio Pinto, vice-presidente para o futebol de formação, acusando-o de sucessivas interferências nas acções alheias às funções para as quais foi eleito em Assembleia-Geral pelos sócios do clube. “O senhor Octávio Pinto tornou-se num autêntico obstáculo para o futebol do “Maio”

. Ele só está ali para atrapalhar o trabalho que executa na equipa principal. Inclusive, baixa ordens aí onde não é chamado. Como era de esperar, o “mister” detestou e agora ameaça abandonar o cargo ocupa desde no momento que a equipa ficou sem o treinador principal”, precisou a fonte de que fazemos alusão e que não quis se identificar.

Plantel será reforçado 
Ainda no calor do jogo, cujo resultado cifrou-se a desfavor da sua equipa, tendo a alegria confundir-se, na altura, com a tristeza, o técnico Júnior Paulino teceu fortes elogios à direcção do seu clube, destacando o vice-presidente, Rui Araújo, e o presidente, Nelito Monteiro, pelo trabalho que realizaram para o objectivo ser alcançado, numa competição que considerou difícil e complicada. 

“Subimos porque tivemos uma direcção forte, coesa, solidária e disciplinada do ponto de vista organizacional, ao contrário de outras equipas como o Mambrôa do Huambo e o Atlético do Namibe, que, na minha opinião, lhes faltou um pouco mais de organização interna. Apesar de não terem alcançado os seus objectivos que era o apuramento ao Girabola’2011, os seus planteis estiveram melhor estruturados, o que não aconteceu com o nosso”, realçou.

O “demissionário” técnico do 1º de Maio de Benguela revelou, de igual forma, que o plantel que disputou a “Segundona” deve ser reforçado em diversos sectores, sobretudo na baliza e na ala esquerda da defesa, posições do campo que os forçou a operar algumas adaptações no decurso da competição. “O Girabola é uma outra competição e exige um plantel forte e bem estruturado do ponto de vista organizacional e disciplinado. Não valerá a pena remediar, como aconteceu no torneio de apuramento”, precisou.     

Sociedade benguelense deve apoiar 
O vice-presidente para o futebol para a Alta Competição do Estrela Clube 1º de Maio de Benguela, Rui Araújo, defendeu maior engajamento da sociedade benguelense no que toca ao apoio financeiro e moral à equipa a que pertence, que regressa à competição um ano depois de baixar de divisão. Na Segundona, a equipa contou com a ajuda do executivo provincial e de algumas empresas, cujos responsáveis estão ligados à referida agremiação desportiva.

Para o Girabola, o dirigente proletário gostaria que a ajuda se estendesse a outras entidades da esfera socio-económica e empresarial de Benguela. uma prova com muita dificuldade, mas, ainda assim, conseguimos terminá-la com todos os pendentes resolvidos. Por isso, damos graças ao governo provincial e a alguns amigos do clube que nos apoiaram nesta nossa empreitada.

Agora que estamos de volta, espero que a sociedade benguelense se junte para dar o apoio que a equipa principal do 1º de Maio de Benguela necessita para se manter na fina-flor do futebol nacional”, solicitou. Em declarações radiofónica que, recentemente, concedeu à Emissora Provincial de Benguela do Grupo Rádio Nacional de Angola, o carismático dirigente do futebol nacional, Rui Araújo, promete, nos próximos anos, abandonar o dirigismo desportivo e dedicar-se à família.

“Sou pago para trabalhar”
No último jogo que a equipa do 1º de Maio de Benguela realizou diante da Académica do Lobito para quem perdeu por 0-1, em pleno Estádio Municipal, ante a decepção do público que apareceu em massa para se despedir da “Segundona” embeleza, já que a problemática da subida de divisão há muito estava resolvida, foi possível notar no rosto do professor Júnior Paulino o sentimento de insatisfação. 

Na verdade, parecia mais descontente que alegre, dando mostras de que algo andava mal pelas bandas da rua Domingos do Ó Lacónico e pouco comunicativo, deixou escapar a sensação de que a direcção estaria em dívida com o técnico, espevitando daí a questão colocado por um dos repórteres presentes no campo se havia problemas salariais ou coisa parecida com a direcção. A resposta do técnico foi seca, amarga, evitando assim mais dissabores desnecessários numa tarde de festa da bola. 

“Sou pago para trabalhar e não para reclamar”, reagiu o treinador da formação proletária que nas entrelinhas admitiu que algo de anormal estava a passar-se no clube. “Existem pequenos problemas que interferiram no nosso trabalho. Espero que a seu tempo sejam superados para o bem do clube e da província que muito clama por um 1º de Maio forte, unido e venceddor”, exteriorizou. Sobre a sua possível saída do clube, Francisco Paulino esquivou-se, perguntando: “É verdade?”.

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