Jesus abandona a FAF
Jesus alega falta de união na direcção da FAF
Fotografia: Jorbal dos Desportos
O antigo craque do futebol angolano, Osvaldo Saturnino de Oliveira “Jesus”, apresentou oficialmente o seu pedido de demissão do cargo de vice-presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), acto igualmente seguido pelo vogal de direcção, Paulo Mateta.
A notícia foi avançada ontem pela Angop, dando ainda conta que na base do pedido estão alegadamente motivos de falta de união e coesão no seio da Federação Angolana de Futebol.
O secretário-geral da Federação Angolana de Futebol, Augusto Silva “Alvarito”, confirmou o pedido do vice-presidente. Chegado ontem do Brasil, onde esteve a acompanhar o estágio da selecção, confirmou que, “mal cheguei, tive a informação de que os pedidos de demissão de Jesus e de Paulo Mateta deram entrada na secretaria na tarde de sexta-feira e agora vão ter de seguir os trâmites normais para serem ou não validados”.
Questionado dos motivos que estão na base dos pedidos dos dois membros da direcção da Federação, quando faltam dois anos para o fim oficial do mandato, Augusto Silva “Alvarito” evitou certificar ou desmentir as causas, sublinhando apenas que “Jesus é livre, como outros membros de direcção, de apresentar pedido de demissão, mas tal não significa que a entrega traduza imediatamente a confirmação”. Brevemente, disse, vai ser convocada a Assembleia-Geral da Federação Angolana de Futebol e é nesse conclave que os associados legitimam ou não os pedidos.
Osvaldo Saturnino de Oliveira “Jesus”, assim como o jornalista e ex-deputado Paulo Mateta (integrou a Sexta Comissão da Educação, Cultura e Desportos) entraram para a direcção da Federação no ano de 2009, por deliberação da Assembleia-Geral, que os chamou, depois de, em 2008, terem perdido para Justino Fernandes as eleições à presidência da Federação. Entretanto, o Jornal dos Desportos soube que Osvaldo Saturnino de Oliveira “Jesus”, apontado como estando com intenção de voltar a concorrer em 2012, antecipou o pedido de demissão para evitar incompatibilidades no momento da campanha. É um assunto que, de acordo com as nossas fontes, será levado à discussão na Assembleia-Geral, a acontecer brevemente.
Vice-presidente
diz-se “marginalizado”
A desunião e a marginalização entre os membros directivos da Federação Angolana de Futebol (FAF) e o mau momento que se vive na modalidade são as razões evocadas pelo vice-presidente Osvaldo Saturnino “Jesus” para apresentar a sua demissão, oficializada sexta-feira. Em declarações ontem, sábado, à Angop, Jesus, antiga glória do futebol nacional, mostrou-se desapontado com a forma de gestão da modalidade e afirmou que, desde que integrou a direcção da FAF, não tem tido possibilidade de desenvolver qualquer tipo de actividade.
“A falta de união expressa-se em tudo isso. Nós não fomos utilizados para contribuir, nem fomos aproveitados como membros de direcção e, estar por estar, preferimos sair. Também tem muito a ver com a passividade como tem sido tratado o futebol nacional. Sentíamo-nos marginalizados como membros directivos da FAF”, explicou. De acordo com Jesus, o desafio de integrar o elenco “de consenso” de Justino Fernandes era, à partida, para ajudar a colmatar as lacunas que existem na estrutura federativa, tendo como meta a melhoria e desenvolvimento do futebol no país, junto dos associados, numa interacção que se previa benéfica a todos os níveis.
Segundo o dirigente demissionário, esperava que a sua entrada pudesse proporcionar outro ambiente de trabalho para salvaguardar os interesses nacionais, porém verifica-se o contrário, com constantes clivagens, consubstanciadas na falta de união até nas decisões. “Em respeito ao compromisso que o país tinha, que era o CAN e outras actividades a ele ligadas, esperámos que esse ciclo terminasse, mas não temos tido a união necessária para levar o futebol a bom porto, com desenvolvimento dos projectos que prevíamos. Decidimos, por isso, anunciar a retirada”, reiterou.
Mais dois membros federativos abandonaram a instituição: o jornalista e ex-deputado Paulo Mateta, vogal de direcção, e o até então assessor da FAF, Leão Chimin. O primeiro, em solidariedade aos ideais de Jesus e o último há muito está afastado, por ocupar funções directivas no Sagrada Esperança. “Nós não estamos a ser úteis no seio da equipa da Federação. Não somos tidos nem achados e então decidimos pôr fim à nossa continuidade no elenco actual. Contávamos que a nossa entrada pudesse unir sinergias e colocasse o futebol onde merece e deve estar”, sublinhou.
Referiu que Artur Almeida, outro vice-presidente, aliado ao ex-deputado e antigo craque do Petro de Luanda, poderá decidir o futuro de “forma livre e soberana”, acrescentando que já foi informado da posição e cabe a ele desistir ou continuar. Depois de uma concertação com o elenco liderado por Justino Fernandes nas eleições de 2009, evidenciada com a inserção de membros da lista B, comandada por Jesus, o ex-capitão e goleador dos tricolores da capital ocupava-se da pasta para as Associações Provinciais de futebol.
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