Lendas do futebol Mundial
“Benfica era o Clube do Regime… o testemunho é de Mário Coluna” por Carlos Daniel
A RTPN decidiu realizar o último programa do “Trio da Ataque” a partir da estação ferroviária do Maputo em Moçambique. Naturalmente tratava-se de um momento oportuno para, em termos de homenagem, se recordarem algumas glórias do Futebol Moçambicano que fizeram carreira e sucesso em Portugal, das quais se destacaram Eusébio e Mário Coluna.
Ambos os jogadores são figuras incontornáveis e “responsáveis” dos sucessos e êxitos do Benfica na década de 60/70 e da Selecção Nacional, nomeadamente o 3º lugar alcançado por Portugal no Mundial 66. A presença ao vivo de Mário Coluna no referido programa, proporcionou ao moderador, Hugo Gilberto, o ensejo de o entrevistar e recordar a sua passagem pelo nosso Futebol.
Ficamos a saber que Mário Coluna era um jogador com grande personalidade e um líder inquestionável dentro do campo, sendo por esse facto capitão, de tal forma, que os colegas de equipa e da selecção não o tratavam por “tu”, mas sim por Senhor Coluna.
Grande surpresa para mim foi ouvir, de uma lenda viva do nosso futebol, a confirmação do “respeito” que lhe mereciam as forças vivas do antigo regime ditatorial de Salazar. Se alguma duvida ainda houvesse, Mário Coluna, encarregou-se de as desfazer.
Foi com muito orgulho que confirmou o “respeito” do anterior regime ao Benfica, ao ter sido convidado pessoalmente por Salazar para cortar a fita de inauguração da Ponte Salazar (agora 25 de Abril) em 1 966, uma das obras mais emblemáticas do anterior regime, pois tratava-se à data da 5ª maior ponte suspensa do mundo. Estiveram então presentes nessa inauguração os três grandes pilares do regime: Américo Tomas, António Salazar e o Cardeal Manuel Cerejeira.
O seu testemunho histórico, fica para a história. De viva voz foi a confirmação, às gerações seguintes, porque razão o Benfica era o Clube do Regime o que lhe permitiu durante décadas consolidar a sua supremacia no Futebol Português.
Por ironia ou não, quando a ponte mudou de nome, de Salazar para PONTE 25 de ABRIL, simultaneamente mudaram-se as vontades e aquilo que era a vontade do Regime deixou de o ser porque a Democracia impôs a legitimidade desportiva e enterrou definitivamente a burla que os tentáculos musculados da PIDE (Policia Politica) impunham a todos os níveis e em todos os quadrantes da vida social e da sociedade, nomeadamente desportivos.
Obrigado SENHOR MARIO COLUNA pelo seu testemunho histórico.
O seu testemunho será contado aos nossos filhos e aos nossos netos quando nos perguntarem, inocentemente, porque é que o Benfica há muitos anos atrás ganhava quase sempre.
Carlos Daniel a 28 Janeiro 2009
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