Rogério Silva critica qualidade dos atletas no CHAN
O nível competitivo do Campeonato Africano de Futebol para jogadores que militam nos seus países (CHAN2011), terminado sexta-feira no Sudão, demonstrou falta de qualidade dos campeonatos.
Fotografia: Jornal dos Desportos
O nível competitivo do Campeonato Africano de Futebol para jogadores que militam nos seus países (CHAN2011), terminado sexta-feira no Sudão, demonstrou falta de qualidade dos campeonatos locais, decorrente da emigração dos melhores talentos para outros continentes, afirmou no sábado à Angop o presidente da Academia Olímpica, Rogério Silva. Segundo o dirigente, que falava em jeito de balanço da prova na qual Angola se sagrou vice-campeã ao disputar a final com a Tunísia (0-3), o campeonato esteve longe de ser bom tecnicamente, apesar de a nível competitivo se ter visto alguma coisa.
“Nesta prova, salvo raras excepções, não vimos actuar jogadores de grande qualidade, porque os melhores talentos do continente optam pelo mercado externo, em busca de melhores condições organizativas e financeiras”, frisou. Para o antigo presidente do CÔA, a busca de melhores condições nem sempre se prende com a questão financeira; por vezes, tem também a ver com a organização. Se não há campeonatos bem organizados, se os jogadores não se sentem bem, vão à procura de melhores condições, de acordo com o seu nível de profissionalismo.
Referiu que os africanos devem encarar a questão com maior seriedade, porque actualmente se verifica que cada vez mais jogadores com idades extremamente baixas saem de África para escolas europeias, desenraizando-se até culturalmente, sendo depois difícil trazê-los para as selecções dos respectivos países, porque a primeira expectativa destes jovens é jogar onde se formaram desportivamente.
“Houve um passado de colonialismo em que nos extraiam os recursos minerais, agora há um outro tipo de neocolonialismo no desporto que consiste em virem buscar-nos a matéria prima para explorar em seu uso próprio e os africanos têm de estar atentos a isto”, alertou. Apontou que “a única maneira de travar isto é superar as debilidades extremas. Nós, em África, ainda mantemos esquemas de organização que em nenhum outro continente se verifica”.