sexta-feira, novembro 04, 2011

«Em Angola fala-se muito e faz-se pouco», diz Akwá

Akwá fala a A BOLA sobre a realidade do futebol angolano (foto )
«Em Angola fala-se muito e faz-se pouco», diz Akwá
Por Leonel Gomes

Figura incontornável do futebol angolano, Akwá capitaneou os Palancas na histórica participação no Mundial da Alemanha em 2006. Três anos depois de ter deixado os relvados, o antigo avançado concedeu uma entrevista a A BOLA, onde falou sobre a selecção de Lito Vidigal, o futebol nacional e a luta titânica entre Kabuscorp e Recreativo do Libolo pela conquista do Girabola.

«Começámos mal e depois com a saída do antigo seleccionador Hervé Renard as coisas não estavam muito boas para nós. Com a chegada do Lito Vidigal, que recebeu uma herança não muito boa, com trabalho e dedicação conseguimos a qualificação.»

«Vale lembrar que tivemos, em parte, sorte. Além dos jogadores terem acreditado, a sorte também jogou do nosso lado, porque o Uganda, no último jogo, acabou por empatar em casa. Se calhar acusou a pressão de a nossa selecção ter marcado logo nos primeiros minutos [n.d.r. frente à Guiné-Bissau]. Foi bom termos conseguido a qualificação», defendeu Akwá.

Depois de uma dura fase de qualificação, Angola alcançou a tão almeja presença na fase final do CAN. Para o antigo capitão, a equipa pode realizar uma boa prova.
«Se os jogadores entrarem concentrados e cumprirem com as orientações do treinador, acredito que Angola poderá fazer um bom CAN», diz. «Não é um grupo fácil, mas todos os grupos são difíceis. Há a Costa do Marfim, que é candidata ao título de campeã africana, mas nenhuma selecção é imbatível», concretizou.

Seguir os exemplos proveitosos do basquetebol e andebol. Para Akwá o futebol nacional só terá a melhor participação tendo como base o que ocorre nas duas modalidades.
«O jogador fez a sua carreira, deu o seu contributo e quando deixa de jogar é esquecido. Temos que tirar proveito consoante os outros países fazem, conforme o basquetebol e o andebol fazem com os antigos praticantes. Como o Jean Jacques, José Carlos Guimarães, Filipe Cruz, Necas, Paulo Macedo são pessoas que foram grandes jogadores mas que agora continuam a dar o seu contributo.»

«Sempre defendi que é importante tirar proveito das pessoas que estiveram ligadas ao futebol, que jogaram no estrangeiro, não falo só de mim, mas do Mantorras, Paulão, Abel Campos, João Ricardo, Figueiredo, são muitos os jogadores que actuaram na Europa e que poderiam ser uma mais-valia para o futebol nacional», apontou.

O aparecimento de jovens valores só poderá ser sustentado com a construção de infra-estruturas, salienta Akwá.
«Os outros países têm feito isso, com a construção de academias no Ruanda, Uganda, Benim e nós em Angola não temos isso. Falamos muito e fazemos pouco. Não se podem fazer jogadores só falando, temos que responder dentro de campo.»

«Os nossos dirigentes têm que ver que as outras selecções também trabalham, querem fazer mais, ganhar títulos e não andam a dormir. Os nossos dirigentes devem apostar mais nas camadas jovens porque o importante é dar continuidade. A cada dia que vai passando os talentos do nosso futebol vão desaparecendo, aparece um ou outro, e isso tem sido a grande falha da nossa selecção», atirou.
12:50 - 03-11-2011

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