QUAIS SÃO OS VALORES NORMAIS DA PRESSÃO ARTERIAL?
As nossas artérias foram programadas para trabalhar dentro de certos valores de pressão. Quando as artérias são submetidas de forma prologada a níveis pressóricos muito elevados, o excesso de tensão sobre suas paredes começa a provocar graves lesões. Pequenas fissuras na parede podem surgir, facilitando o rompimento de pequenos vasos e a formação de placas de cálcio nas artérias de maior calibre. Essas placas, além de diminuir a própria elasticidade da artéria, também reduz o calibre interno favorecendo a oclusão da circulação por trombos, evento chamado de trombose. Além das lesões nos vasos sanguíneos, a pressão arterial excessiva também aumenta o trabalho do coração, que precisa bombear o sangue contra uma resistência maior. Após anos de trabalho excessivo, o coração começa a dilatar, levando à insuficiência cardíaca.
A pressão arterial normal é, portanto, aquela na qual as artérias não ficam sob estresse e o coração não fica sobrecarregado. Atualmente, os níveis de pressão arterial para adultos, idosos e adolescentes são divididos da seguinte forma:
PRESSÃO ARTERIAL NORMAL – pacientes com pressão sistólica menor que 120 mmHg e pressão diastólica menor que 80 mmHg.
PRÉ-HIPERTENSÃO – pacientes com pressão sistólica entre 120 e 139 mmHg ou pressão diastólica entre 80 e 89 mmHg.
HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1 – pacientes com pressão sistólica entre 140 e 159 mmHg ou pressão diastólica entre 90 e 99 mmHg.
HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2 – pacientes com pressão sistólica acima de 160 mmHg ou pressão diastólica acima de 100 mmHg.
CRISE HIPERTENSIVA – pacientes com pressão sistólica acima de 180 mmHg ou pressão diastólica acima de 110 mmHg.
Os valores descritos acima são usados para diagnosticar e classificar a hipertensão, porém, eles não servem como alvo para o tratamento. Nos pacientes hipertensos em uso de medicamentos, os valores que desejamos alcançar são:
- Adolescentes e adultos jovens – a pressão arterial deve ficar abaixo de 140/90 mmHg.
- Adultos com mais de 60 anos que não tenha diabetes ou doença renal crônica – a pressão arterial deve ficar abaixo de 150/90 mmHg.
- Adultos com mais de 60 anos que tenham diabetes e/ou doença renal crônica – a pressão arterial deve ficar abaixo de 40/90 mmHg.
Valores normais nas crianças
A definição de hipertensão nas crianças é mais complexa, pois depende do percentil de altura em que ela se encontra. Por exemplo, uma criança de 5 anos que esteja no percentil 10 de altura é considerada hipertensa se tiver valores persistentemente acima de 109/70 mmHg. Já uma criança, também de 5 anos, mas no percentil 90 de altura precisa ter valores frequentemente acima de 115/74 mmHg para ser diagnosticada com hipertensão.
Existem tabelas com os valores de pressão arterial aceitáveis de acordo com a idade e com os percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90 e 95 de altura. São dezenas de valores possíveis, por isso, ninguém os sabe de cor. Depois de aferir a pressão da criança, é preciso definir em que percentil de altura ela está para poder, através da tabela, interpretar os seus níveis de pressão arterial.
PRESSÃO ARTERIAL NORMAL NAS GRÁVIDAS
Os valores da pressão arterial nas grávidas devem ser os mesmos que nos adultos em geral. Portanto, o normal para uma gestante é ter uma pressão menor que 140/90 mmHg.
Porém, apesar dos valores de referência da pressão arterial serem os mesmos, a indicação para começar tratamento com medicamentos é diferente, pois não há benefícios claros com o controle muito rigoroso da pressão nas grávidas, e ainda há o risco de efeitos colaterais para o feto.
Na grávida existem 3 tipos de hipertensão:
- Hipertensão de início durante a gravidez.
- Hipertensão crônica, já preexistente antes da gravidez.
- Pré-eclâmpsia / eclâmpsia.
Se a hipertensão é de início recente, ou seja, não existia antes e apareceu durante a gravidez, a maioria dos médicos opta por não indicar tratamento com medicamentos, a não ser que os valores fiquem acima de 160 mmHg de pressão sistólica ou 110 mmhg de pressão diastólica. Se a após 12 semanas do parto a hipertensão ainda estiver presente, aí sim o tratamento com medicamentos deve ser considerado para mulheres com pressão arterial acima de 140/90 mmHg.
Se a paciente já era hipertensa antes de ficar grávida, ela deve continuar o tratamento da hipertensão, tendo cuidado apenas para não usar drogas que possam fazer mal ao feto. Todavia, se a paciente durante a gestação tiver níveis pressóricos abaixo de 120/80 mmHg, os medicamentos podem ser reduzidos ou suspensos, contanto que, com isso, os valores da pressão não ultrapassem os 150/100 mmHg.